domingo, 16 de outubro de 2011

REFLEXÃO =/




"Jeitinho", expressão brasileira para um modo de agir informal amplamente aceito, que se vale de improvisação, flexibilidade, criatividade, intuição, etc., diante de situações inesperadas, difíceis ou complexas, não baseado em regras, procedimentos ou técnicas estipuladas previamente. "Dar um jeito" ou "Dar um jeitinho" significa encontrar alguma solução não ideal ou previsível. Por exemplo, para acomodar uma pessoa a mais inesperada em uma refeição, "dá-se um jeitinho".
O "jeito" ou "jeitinho" pode se referir a soluções que driblam normas, ou que criam artifícios de validade ética duvidável.
A expressão "jeitinho" no diminutivo em certos casos, assume um sentido puramente negativo, significando não só driblar mas violar normas e convenções sociais, uma forma dissimulada de navegação social tipicamente brasileira, na qual são utilizados recursos como apelo e chantagem emocional, laços emocionais e familiares, recompensas, promessas, dinheiro, e outros ou francamente anti-éticos para obter favores para si ou para outrem, às vezes confundido ou significando suborno ou corrupção.
Pagamento de propina, para ser aprovado no exame da carteira de habilitação de motoristas.
Dar dinheiro para o guarda de trânsito não aplicar uma multa. A frase "tem como dar um jeitinho?", não é necessariamente considerada suborno, apenas um apelo ao uso de flexibilidade, complacência.
Deixar tudo pra última hora: pagamentos, procedimentos burocráticos, responsabilidades.
Chorar para um vendedor o desrespeitando, para fazer seu trabalho mão de obra muito mais barato.
Os adeptos do "jeitinho" consideram de alto status agir desta forma, como se isto significasse ser uma pessoa articulada, bem posicionada socialmente, capaz de obter vantagens inclusive ilícitas, consideradas imorais por outras culturas.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jeitinho

terça-feira, 4 de outubro de 2011

"Políticamente Correto" estragou nossa vida!





Vi que o Rafinha Bastos do CQC foi suspenso por fazer uma piada que para alguns de mal gosto. e comecei pensar as tantas vezes que, ser politicamente correto, essa infeliz relação de poder criada pela mídia e pelas elites pra calar os mais fracos é uma hipocrisia.
Grande parte das pessoas "de bem" são influenciadas por isso e ñ sabem.


A vida das pessoas de hoje se tornou uma completa merda! Tudo, absolutamente, tudo se tornou absurdamente difícil. Desde contar uma piada até ganhar dinheiro ou fazer sexo, viver nos dias de hoje se tornou um verdadeiro saco!
O politicamente correto, este infeliz, conseguiu complicar ao extremo coisas que, em essência, deveriam ser simples. Viver, antigamente, era uma tarefa fácil e até divertida.

Hoje ñ é bem assim.
Bem, esses são os certinhos e politicamente corretos! exemplos:

-Defendem as posições da Igreja Católica/Evangélica contra a legalização do aborto e ignora as denúncias de pedofilia entre o clero. Adora chamar socialistas de “anacrônicos” e os guerrilheiros que lutaram contra a ditadura de “terroristas”, mas apoia golpes de Estado “constitucionais”.
Seu mote favorito é o combate à corrupção, mas os corruptos sempre estão ao seu lado.


lógico que a intensão do texto..não é deixar todos politicamente incorretos... mas fazer com que a hipocrisia diminua. Existem também políticamentes Incorretos imbecis..como mencionando numa edição da Carta Capital.
o comediante imbecil politicamente incorreto: sua visão de humor é a do bullying. Para ele não existe o humor físico de um Charles Chaplin ou Buster Keaton, ou o humor nonsense do Monty Python: o ÚNICO HUMOR POSSÍVEL é o que ri do próximo. (Ñ É O CASO DO RAFINHA, ACREDITO EU, apesar de sua infeliz e imbecil piada, ele nao demonstra em TODAS SUAS PIADAS O MAU GOSTO).
o cidadão imbecil politicamente incorreto: não se sabe se é a causa ou o resultados dos dois anteriores, mas é, sem dúvida, o que dá mais tristeza entre os três. Sua visão de mundo pode ser resumida na frase “primeiro eu”. Não lhe importa a desigualdade social desde que ele esteja bem. O pobre para o cidadão imbecil é, antes de tudo, um incompetente. Portanto, que mal haveria em rir dele? Com a mulher e o negro é a mesma coisa: quem ganha menos é porque não fez por merecer. Gordos e feios, então, era melhor que nem existissem. Hahaha. Considera normal contar piadas racistas, principalmente diante de “amigos” negros, e fazer gozação com os subordinados, porque, afinal, é tudo brincadeira.
Sua principal característica é confundir inteligência com escrever e falar corretamente o português.
É radicalmente contra o bolsa-família porque estimula uma “preguiça” que, segundo ele, todo pobre (sobretudo se for nordestino) possui correndo em seu sangue. Também é contrário a qualquer tipo de ação afirmativa: se a pessoa não conseguiu chegar lá, problema dela, não é ele que tem de “pagar o prejuízo”. Sua principal característica é não possuir ideias além das que propagam os “pensadores” e os comediantes imbecis politicamente incorretos. (Universitários pseudo-intelectuais, ex: Ronald Rios)



MAS VOLTANDO AO QUE INTERESSA, O POLITICAMENTE CORRETO EXACERBADO E QUE A CLASSE DOMINANTE PREGA CM NOVELAS..JORNAIS COM OPINIOES DE JORNALISTAS DIREITOSOS (BORIS CASOI,ETC)..Também FODE COM A GENTE!!!!!!!!!!!



Qual é a razão da minha implicância com o conceito de "politicamente correto" ou o luciano Huckzação da população?

É que, no Brasil, o que era só uma recomendação acabou por se tornar um dogma. Não se pode chamar sequer de religião. Isso porque, apesar de cada uma delas reivindicar exclusividade sobre a palavra divina, todas aceitam coexistir de maneira pacífica. Já os fiéis do "politicamente correto", não! Eles primam pela intolerância.



Hoje existe a diversidade nas instituições, e ela trouxe a possibilidade de convivência entre pessoas muito diferentes nos sentidos de raça, gênero ,condição social e física, de outro levantou questões como o uso da linguagem politicamente correta para não ofender nenhum desses grupos considerados minorias.

Mas, discernir o que é e o que não é politicamente correto não é tão simples. Substituir “negro” por “afrodescendente” ou “anão” por “pessoa com nanismo”, por exemplo, seriam medidas suficientes para diminuir o preconceito nas empresas e aumentar a integração dessas pessoas com os colegas?
A linguagem politicamente correta surgiu nos Estados Unidos na década de 1970, como legado do movimento de defesa dos direitos civis. De acordo com sua lógica, usar certas palavras legitimaria o preconceito e propagaria visões discriminatórias contra grupos sociais.

Negro ou afrodescentende?

“É difícil responder quais são as atitudes linguísticas adequadas do ponto de vista da civilidade. Nem todos os negros têm aversão ao adjetivo ‘negro’, pois são orgulhosos de sua cor. Nos Estados Unidos, muitos negros declinaram fortemente a expressão ‘afrodescendente’ por ela não fazer alusão à sua cor”, diz Cleber Pacheco, doutorando em Linguística da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
Segundo Pacheco, não há fórmulas como “diga isto, mas não diga aquilo”. “E o problema continua, pois o preconceito não está no léxico. Está nos indivíduos e nas situações sociais em que se encontram”, afirma.
Em 2004, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, ligada à Presidência da República publicou a cartilha “Politicamente correto e direitos humanos”, com 96 expressões consideradas preconceituosas. A lista desestimulava termos como “baianada”, “anão” e “palhaço”. A frase “a coisa está preta” também entrou no índex. A publicação gerou muita polêmica e foi recolhida logo depois.

Para o professor José Luiz Fiorin, do departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), não basta mudar a linguagem para que a discriminação deixe de existir.

“Se alguém sempre ouviu certos termos ou expressões, como ‘negro’, ‘bicha’ ou ‘coisa de mulher’ ditos com desdém ou com raiva, certamente vai desenvolver uma atitude machista ou racista”, explica Fiorin.

Para evitar um mal-entendido entre os colegas de trabalho, Pacheco aconselha os profissionais a utilizarem o bom-senso. “O ideal é que não abordemos nossos colegas de trabalho pela menção de raça ou etnias. Nada melhor do que um ‘amigo, você poderia me fazer um favor?’, em vez de ‘negro, você poderia me fazer um favor?’, ou, o pior, ‘afrodescendente, você poderia me fazer um favor?’”, exemplifica.






Em um contexto de trabalho, adjetivar pessoas pode causar transtornos, independentemente do uso (ou não) de termos considerados politicamente corretos. Pacheco diz ainda que ao fazer referência a um terceiro não é necessário mencionar sua raça, limitação física ou orientação sexual. “Nada mais neutro e correto do que tratar as pessoas por seus nomes.”

Outra questão que produz efeito contrário ao pretendido é o uso de eufemismos, quando a língua não possui um termo específico para fazer uma designação que é vista como preconceituosa. “Por exemplo: dizer ‘pessoa verticalmente prejudicada’ em lugar de anão; ‘pessoa de porte avantajado’ em vez de gordo; ‘pessoa em transição entre empregos’ por desempregado. Isso gera descrédito para os que pretendem relações mais civilizadas entre as pessoas. Por isso, as piadas já começam a surgir”, explica Fiorin.
Alguém ouviu falar de algum palhaço que processasse um Presidente da República – sociólogo ou torneiro mecânico – por fazer palhaçadas e, assim, denegrisse a sua honrada profissão circense?









RESUMINDO = LINGUAGEM POLITICAMENTE CORRETA NÃO ELIMINA PRECONCEITO E NEM PENSAMENTOS.

Esse e o primeiro passo.
Mas ela faz com que seguimos padrões de comportamentos elitizados.
na minha opinião então , ele exclui e GERA PRECONCEITO.



O que me incomoda nessa cruzada politicamente correta nem é o politicamente correto em si, mesmo seguindo achando o politicamente correto burro e direitista como era em sua origem. E sim, a atitude de achar que todos são culpados até que se diga o contrário. Basta um termo, ou até mesmo se omitir diante de certas questões, pra ser jogado na mesma laia dos preconceituosos e reacionários.
O politicamente correto consiste na observação da sociedade e da história em termos maniqueístas. O politicamente correto representa o bem e o politicamente incorreto representa o mal. E as coisas não devem ser tratadas dessa forma. Quem inventou o padrão certo e errado no mundo capitalista, numa sociedade de classes?? !O politicamente correto não atende à igualdade de oportunidade. POIS NEM TODOS, TEM OS MESMOS PODERES E MECANISMOS DE ARGUMENTAÇÕES IGUAIS.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

HUMANIDADE PERDIDA, NOSSOS SONHOS ESTÃO AO AVESSO DO QUE PREGAMOS!

Sonhos do avesso


"Sonhos ao avesso", artigo criado por famosa psicanalista brasileira, que retrata psicanaliticamente a realidade contemporanea de nossas relações.




MARIA RITA KEHL
ESPECIAL PARA A FOLHA


Dizem que Karl Marx descobriu o inconsciente três décadas antes de Freud. Se a afirmação não é rigorosamente exata, não deixa de fazer sentido desde que Marx, no capítulo de "O Capital" sobre o fetiche da mercadoria, estabeleceu dois parâmetros conceituais imprescindíveis para explicar a transformação que o capitalismo produziu na subjetividade.
São eles os conceitos de fetichismo e alienação, ambos tributários da descoberta da mais-valia -ou do inconsciente, como queiram. A rigor, não há grande diferença entre o emprego dessas duas palavras na psicanálise e no materialismo histórico. Em Freud, o fetiche organiza a gestão perversa do desejo sexual e, de forma menos evidente, de todo o desejo humano; já a alienação não passa de efeito da divisão do sujeito, ou seja, da existência do inconsciente. Em Marx, o fetiche da mercadoria, fruto da expropriação alienada do trabalho, tem um papel decisivo na produção "inconsciente" da mais-valia. O sujeito das duas teorias é um só: aquele que sofre e se indaga sobre a origem inconsciente de seus sintomas é o mesmo que desconhece, por efeito dessa mesma inconsciência, que o poder encantatório das mercadorias é condição não de sua riqueza, mas de sua miséria material e espiritual.
Se a sociedade em que vivemos se diz "de mercado" é porque a mercadoria é o grande organizador do laço social.
Não seria necessário recorrer a Marx e Freud para defender o caráter político das formações do inconsciente. Bastaria citar a frase "o inconsciente é a política", proferida por Lacan, que convocou os psicanalistas a se empenharem por "alcançar em seu horizonte a subjetividade de sua época". Mas insisto em recorrer aos clássicos para lembrar aos lacanianos extremados que a verdade não nasceu por geração espontânea da cabeça de Lacan.

Crise do sujeito

Se Freud fundou a psicanálise ao vislumbrar, no horizonte de sua época, as razões da insatisfação histérica, é nossa vez de tentar escutar o que mudou desde então, à medida que a norma produtiva/repressiva foi sendo substituída pela norma do gozo e do consumo.
Alguns sintomas, na atualidade, têm se tornado mais frequentes e mais incômodos do que as formas consagradas das neuroses e das psicoses no século passado. Hoje as drogadições, os transtornos alimentares, os quadros delinquenciais e as depressões graves desafiam os analistas a repensar a subjetividade. Isso não implica necessariamente que as antigas estruturas clínicas tenham se tornado obsoletas.
O que encontramos hoje nos consultórios psicanalíticos é um novo sujeito? Ou são novas expressões sintomáticas que buscam responder ao velho conflito entre as pulsões e o supereu -este representante das interdições e das moções de gozo, no psiquismo? O sujeito contemporâneo está mais próximo do perverso, que sabe driblar a falta pelo uso do fetiche? Ou é ainda o neurótico comum que, em vez de tentar seguir à risca a norma repressiva, tenta obedecer a um mestre fetichista que lhe ordena a transgredir e gozar além da medida?
Por enquanto, tenho escutado, em média, neuróticos mais ou menos estruturados tentando corresponder à suposta normalidade vigente, a qual -esta sim- já não é mais a mesma nem do tempo de Freud, nem do de Lacan.
A "crise do sujeito", outra face da chamada "crise da referência paterna", corresponde, a meu ver, ao deslocamento e à pulverização das referências que sustentavam, até meados do século passado, a transmissão da lei. Não se trata da ausência da lei na atualidade, mas da fragilidade das formações imaginárias que davam sentido e consistência à interdição do incesto -a qual, desde Freud, é considerada condição universal de inclusão dos sujeitos na chamada vida civilizada, seja ela qual for.
Se o homem contemporâneo sofre do que [o psicanalista francês] Charles Melman chamou de falta de um centro de gravidade, é porque as referências tradicionais -Deus, pátria, família, trabalho, pai- pulverizaram-se em milhares de referências optativas, para uso privado do freguês.

Culpa e frustração

O "self-made man" dos primórdios do capitalismo deixou de ser o trabalhador esforçado e econômico para se tornar o gestor de seu próprio "perfil do consumidor" a partir de modelos em oferta no mercado. Cada um tem o direito e o dever de compor a seu gosto um campo próprio de referências, de estilo, de ideais. Aparentemente, não devemos mais nada ao pai e ao grupo social a que pertencemos, dos quais imaginamos prescindir para saber quem somos.
Este aparente apagamento da dívida simbólica não nos tornou menos culpados; ao contrário: hoje escutamos pessoas que se dizem culpadas de tudo. Não citarei, em hipótese alguma, falas dos que se analisam comigo: daí o caráter ligeiramente caricato dos exemplos que se seguem, como expressões genéricas da transformação que o mercado produziu nos discursos.
A antiga donzela angustiada com as manifestações involuntárias de sua sexualidade reprimida -lembrem-se de que Freud relacionou o tabu da virgindade e a moral sexual entre as causas do mal-estar, no início do século 20- hoje se sente culpada por não usufruir tanto do sexo, das drogas e do "rock and funk" quanto deveria. O obsessivo escrupuloso, acossado por fantasias perversas, agora se queixa de seu bom comportamento: queria ser um predador sem escrúpulos, eliminar os rivais, abusar sem pudor das mulheres.
As pessoas vivem culpadas por não conseguirem gozar tanto quanto lhes é exigido. Culpadas por não alcançar o sucesso e a popularidade instantâneos, por perderem tempo em sessões de análise -culpados por sofrer. O sofrimento não tem mais o prestígio que lhe conferia o cristianismo. Sofrer não redime a dívida; ao contrário, reduplica os juros.
Sem recurso à referência a autoridades repressivas que faziam obstáculo aos prazeres, as pessoas têm dificuldades em justificar seus sintomas. Não encontram a quem endereçar suas queixas ou apoiar seus ideais.
"Meus pais são amigos, meus professores são legais, ninguém me impõe ou me impede nada: eu sou um otário porque não consigo ser feliz". O sentimento de culpa, como escreve [o sociólogo francês Alain] Ehrenberg, tomou a forma de sentimento de insuficiência. Assim, a resposta à dor psíquica não é buscada pela via da palavra, mas pelo consumo abusivo dos psicofármacos que prometem adicionar a substância faltante ao psiquismo deficitário. O remédio age em lugar do sujeito, que não se vê responsável por seu desejo e por suas escolhas.
Não se concebe a vida como um percurso de risco que inclui altos e baixos, incertezas, acertos, dúvida, sorte, acaso. A vida é um empreendimento cujos resultados devem ser garantidos desde os primeiros anos -daí o surgimento de uma geração de crianças de agenda cheia de atividades preparatórias para a futura competição por uma vaga promissora no mercado de trabalho.
Não por acaso, essas mesmas crianças estarão mais predispostas à depressão na adolescência, esvaziadas de imaginação, de vida interior, de capacidade criativa. O universo amoroso ou familiar que substitui o espaço público como gerador de valores está totalmente atravessado pela linguagem da eficiência comercial. "Quem vai olhar para um modelo fora de linha como eu?" "Como promover a otimização de meus finais de semana?" "Fiz as contas: com o que gastei na análise de meu filho já poderia ter trocado de carro duas vezes" (nesse caso, o analista sente-se tentado a sugerir que, de fato, ficaria mais em conta trocar de filho).
Vale ainda mencionar o estranho silêncio, nos consultórios dos analistas, em torno do eterno mistério do desejo e da diferença sexual. A falta de objeto que caracteriza a atração erótica parece ter sido ofuscada pela onipresença de imagens sexuais nos outdoors, na televisão, nas lojas, nas revistas -por onde olhe, o sujeito se depara com o sexual desvelado que se oferece e o convida.
As fantasias sexuais são todas prêt-à-porter. Seria ok, se o suposto desvelamento do mistério não produzisse sintomas paradoxais. O tédio, em primeiro lugar, entre jovens que se esforçam desde cedo para dar mostras de grande eficiência e voracidade sexuais. As intervenções cirúrgicas no corpo, de consequências por vezes bizarras, em rapazes e moças que pensam que a imagem corporal perfeita seja a solução para o mistério que mobiliza o desejo.
A reificação do sujeito identificado como mais uma mercadoria se revela no medo generalizado de não agradar. O mistério do desejo persiste, assim como não deixa de existir o inconsciente: mas é como se suas manifestações não interrogassem mais os sujeitos.
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MARIA RITA KEHL é psicanalista e ensaísta, autora de "O Tempo e o Cão" (ed. Boitempo).

Fonte: FSP, 06/09/2009





AGORA MINHA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO DA MARIA RITA, RELACIONANDO COM OUTRAS OBRAS QUE LI.


Após a leitura do texto “Sonhos do Avesso” é possível perceber a atualidade numa visão profunda marcada por determinismos psíquicos e sociais. A partir do momento que a subjetividade é construída socialmente, com nossa intervenção ou até antes de existirmos, o capitalismo abordado no texto da autora, passa a ser pensado como o ponto fundamental da ocorrência das transformações que caracteriza a subjetividade contemporânea.
Maria Rita Kehl trás dois importantes conceitos que são indispensáveis para explicar a transformação que o capitalismo gerou na sociedade e que define as subjetividades, são eles: a alienação e o fetichismo. Ela compara esses conceitos que podem ser da psicanálise com Freud, e os atribui a cenários sociais, no caso, sociedade de consumo ou capitalismo. A alienação diz respeito ao nível de inserção do sujeito na cultura, ao desejo. O desejo se dá na sociedade. Ao contrário de outras épocas, em que nós procurávamos sentido para nossa vida e nossos desejos, hoje segundo o texto, houve uma “banalização” desses desejos, gerando uma falta. O desejo é hoje instruído por uma lógica de mercado, uma lógica consumista. O Fetichismo que é um elemento de símbolo sexual ou símbolo de desejo, é comparado ao fetiche de mercadoria. O sujeito projeta uma relação social estabelecida ou afetos.
Gaulejac(2001) trabalha os determinantes sociais e psíquicos na construção da subjetividade de cada sujeito, afirmando que nós somos multideterminados, pela sociedade, cultura e até pelo lado biológico,sendo um ser singular. Em contrapartida, existem determinações psíquicas universais que, segundo Mezan(2002), pode ser a linguagem, criatividade, a presença das pulsões, existência das defesas inconscientes, fantasias e tudo aquilo que Freud considerou como “aparelho psíquico”. Com essas condições psíquicas estabelecidas, antes mesmo de sua formação, o sujeito se depara com a essa falta.
O texto então é uma comparação dos sintomas da histeria ou de outros quadros clínicos dos tempos de Freud, em que a repressão ou um símbolo de autoridade eram vistas claramente. Existia um “Centro de gravidade”que fazia a transmissão da lei. Não podemos dizer que sumiram os quadros clínicos e os sintomas graças a época de hoje com o capitalismo, mas devemos repensar a subjetividade. Kehl fala de novas expressões sintomáticas existentes na clínica da atualidade, mas como essas estruturas clínicas são ditas como universais, elas tentam responder ao antigo conflito das pulsões que sempre existiu. Nas próprias palavras da autora, o conflito hoje se dar graças as pulverizações das referências que outrora sustentavam o sujeito e até reprimiam.
Pode-se dizer que hoje, os bens materiais e o capital que são os centros de referência dos sujeitos. Os antigos símbolos de autoridade como a família, Deus, figura paterna viraram milhares de coisas optativas oferecidas pelo mercado. O mercado exige muito, fazendo com que as pessoas se sintam culpadas por não usufruírem tudo que ele pode oferecer, isto é, gozar de maneira satisfatória. Hoje em dia o sujeito se constitui através do consumo e não através dos laços sociais. Em vez de palavras, afeto ao outro, ele prefere o consumo, muitas vezes desenfreado buscando até o uso dos psicofármacos, que é uma maneira de sair de si e sair da situação de culpa por essa situação.
O mercado norteia sua vida, de várias formas estabelecidas. A mídia é uma mediadora deste norteamento. Para acompanhar as tendências do mercado, tenta se “defender” da frustração, usando recursos como plásticas corporais, remédios, vagas no mercado com grande status social, sempre buscando o sucesso imediato e popularidade. O sujeito também pode entrar num estado de Vergonha, é o que define Gaulejac(2001), um sentimento cuja origem está associada no confronto do sujeito com o mundo social e com sua cultura, no caso da nossa, o capitalismo, afastando de certa forma, do sistema de mercado. Mas com a não aprovação do outro quanto a esse afastamento, o indivíduo segue culpado e confuso com a sociedade atual. O excluído pela vergonha mostra uma quebra narcísica, é tudo aquilo que tememos nos tornar.
Pensando dessa forma, que o sistema capitalista pode determinar nossa singularidade, lembra-se aqui do que Gaulejac(2001), define sobre os sujeitos na visão da sociologia clássica, onde nós acreditamos ser sujeitos, mas no fundo somos suporte de um mecanismo social superior a nós e que desconhecemos.
Através do inconsciente entramos sempre em conflito com a sociedade, kehl exemplifica a seguinte ação: Jovem que queria ser um predador sem escrúpulos, eliminar os rivais e abusar sem pudor das mulheres. Ação esta que representa, um obsessivo com escrúpulos, com fantasias perversas se queixando do seu bom comportamento. Prova-se assim que o mundo psíquico e o universo social, segundo Enriquez(2001), são afetados por desconhecimentos ou de conhecimentos equivocados, inconscientemente e até mesmo consciente. É por esses conflitos pulsionais existentes nas diversas sociedades que ninguém conseguiria viver num mundo transparente em que cada qual saberia o que o outro pensa. Enriquez diz que é por isso que as utopias não podem ser realizadas.

Sendo o capitalismo grande controlador das relações sociais contemporâneas, questionamos o seguinte: O homem necessita de fato de um símbolo de poder central, algo para espelhar suas ideologias? Essa sociedade em que os sujeitos são donos do seu próprio destino sem uma referência central parece mais desanimadora.


terça-feira, 28 de junho de 2011

LIVRO BACANA PARA ALGUNS EVANGÉLICOS




UM LIVRO BACANA PARA EVANGÉLICOS QUE TALVEZ SEM SABER SEGUEM O NEOPENTECOSTALISMO EXACERBADO OU BAIXO PENTECOSTALISMO:


- NÃO CASAM OU RELACIONAM COM PESSOAS DE FORA DA IGREJA, DISCRIMINANDO COMO QUE QUEM FREQUENTA É "DO BEM", QUEM NÃO TEM ESSE HÁBITO É "DO MAL" PRINCIPALMENTE MENININHAS Q SONHAM COM A EXISTÊNCIA DE PRINCIPE ENCANTADO...HIPOCRISIA PURA...

- ESNOBES, Quem não percebeu que algumas irmãs adoram desfilar no templo?

- FAZEM DA PALAVRA DE DEUS, UM COMÉRCIO! (serve para pastores donos de EMPREJAS = Empresas + igrejas....)

- os 80 % que estavam na marcha pra Jesus, com o intuito de limpar a consciência, totalmente dissimulados, principalmente aqueles que agrediram outros fiéis que protestavam contra a marcha pra jesus, já q percebeu o grande comércio e falcatrua naquele movimento. com a faixa (VOLTEMOS AO EVANGELHO PURO E SIMPLES, O $HOW TEM QUE PARAR)

http://guerreirosdaluz.com.br/2011/06/23/evangelicos-protestam-contra-a-marcha-para-jesus-e-sao-agredidos/

- Os que promovem exclusão social


- Os que se dizem "não sou do mundo" e pegam rítmos "do mundo" como eles mesmo dizem, como funk, sertanejo,forró, axé e rock para acrescentar o nome de Deus nas músicas e até dançar.


enfim..


segundo o site "GENIZAH" que é CONTRA O BAIXO PENTECOSTALISMO:

no dia das trajédias do rio sonhei o seguinte:




Silas Malafaia vende seu avião e compra mantimentos para as vítimas da tragédia na Serra do Rio Janeiro.

Bancada evangélica ameaça trancar a pauta de votação do congresso até que sejam tomadas medidas definitivas para evitar outras tragédias como esta.

RR Soares reverte as receitas dos carnês de patrocinadores para os desabrigados das tragédias.

Apóstolo Estevam e Bispa Sônia desviam a Marcha para Jesus para a Serra Fluminense e a renomeiam "Marcha Por Jesus!", uma multidão a serviço da vontade do Senhor Jesus junto ao seu povo sofrido.

Bola de Neve TV não passa campeonato de surf ou skate sábado a noite para divulgar locais de doações e voluntariado para atuar na serra fluminense.

Valdemiro Santiago coloca seus dois helicópteros a disposição das equipes de resgate e sai a campo com seus bispos para levar seus estoques de água 100% Jesus às vitimas.

Edir Macedo, mesmo não sendo cristão, desiste da construção de seu templo de Salomão e doa o material de construção para o reparo dos que perderam tudo.

Rene Terra Nova faz um ato profético em favor das vítimas: Vai ao banco e transfere o dinheiro arrecadado para a Festa dos Tabernáculos para a conta da Cruz Vermelha, para que esta compre tendas e alimentos para os desabrigados.

Bispo Rodovalho troca as emendas que fez para festas no Ministério do Turismo por verbas emergenciais para os desabrigados.


Ana Paula Valadão recebe uma revelação de que há um tripé sobre a Serra do Rio de solidariedade, amor ao próximo e humildade e decide realizar três shows com renda revertida aos desabrigados.


Todas as igrejas evangélicas do Rio de Janeiro interrompem seus serviços internos e abrem seus espaços aos desabrigados, enquanto seus membros ajudam no consolo dos que perderam tudo.

O pastor da igreja protestante tradicional justifica: Neste momento, não há nada que glorifique mais o Senhor do que isto.



Oremos para que um dia ao menos um ou dois destes sonhos não soem como piada ou provocação, mas como coisa natural entre o povo de Deus.=)

terça-feira, 21 de junho de 2011

A justiça de fato é cega!

fazendo um puxadinho com o que o Dr. mario darius diz...

o poder político deveria ser o responsável pelas correções dos desvios de conduta dos seus cidadãos, e agora ele têm servido aqueles que "coincidentemente" ocupam o ápice da pirâmide social. Como dizia RUI BARBOSA: "de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a rir-se da honra, desanimar-se de justiça e ter vergonha de ser honesto". Nesses últimos tempos, o superior tribunal de justiça( caso satiagraha), o supremo tribunal federal( caso battisti)e o procurador-geral da república (caso palocci) tornaram a afirmação de Rui Barbosa mais verdadeira do que nunca. E o pior: os criminosos estrangeiros já aprenderam que o Brasil é um paraíso e que nossa justiça pode ser uma mãe disposta a perdoar seus delitos.

DR. Mário Dárius - + um homem da verdade





Vídeo de mais ou menos 30 anos atrás do suposto advogado dr.mário darius, talvez alcolizado ou com traços psicóticos...

mas todas suas palavras reflete nosso país até os dias de hoje



RESUMO DO VIDEO:


- Corrupção começou com Cabral q chegou aqui e começou dar chocalho ao indio

- Crise? Nosso problema é roubo, é problema ético e a saída é a decencia.

- Td mundo rouba...basta ter condições pra roubar, se vc tiver, tu rouba tb!

- Kd as crianças q morrem cheirando cola? Vai na praça da sé...não precisa de globo reporter.

- Um dia esse país ainda vai ser país, qd o trabalhador tiver uma oportunidade de trabalhar.

- Meu nome? Mário Darius...um comedor de cú!





Populacao revoltada com politica, faz discursos em público, na mídia, manifestaçõe(algumas infelizmente violentas) e pede por mudança, enfim, unidos, nada de interesse pessoal por cima do interesse coletivo - Já populacao passiva, aceita, reclama, e no maximo repassa e-mail de noticia de corrupção, além de claro, sonegar e subornar, dando o famoso jeitinho onde o interesse pessoal passa por cima do coletivo, grande parte da classe média com "valores cristãos" , adoram globo reporter, fantastico, novelas e tem o discurso politicamente correto dominados pela minoria burguesa....via rede globo..etc

Serviu a carapuça a 90% dos brasileiros? Nao, parabens, vc esta entre os 10%...

a metafora dos comedores de cú foi genial tb... e passou despercebido.

comparou os ricos com comedores de cú, q fodem uns aos outros.

foda!


Pois é, olhem a reação do povo
será mesmo como já ouvi? que o brasileiro é assim mesmo acha q tudo é piada,
age como se tudo fosse uma grande brincadeira?

olha pessoal que tá atrás dele no vídeo

todo mundo rindo como se fosse tudo uma grande pegadinha...




BOM, A MAIORIA DAS COISAS Q ELE DISSE EU CONCORDO...POUQUISSIMAS COISAS EU DISCORDO..
louco ou nao...bebado ou nao..advogado ou nao...sou fã do dr. mario darius...ahahahah



domingo, 10 de abril de 2011

Árquétipos - O senhor dos Anéis como uma parábola sobre a humanidade

Arquétipo, na psicologia analítica, significa a forma imaterial à qual os fenômenos psíquicos tendem a se moldar. C.G.Jung usou o termo para se referir aos modelos inatos que servem de matriz para o desenvolvimento da psiquê.
São simbolos, imagens universais que traduzem pensamentos da sociedade, inconsciente coletivo, adquiridos desde os primórdios da vida.

Eles são as tendências estruturais invisíveis dos símbolos. Os arquétipos criam imagens ou visões que correspondem a alguns aspectos da situação consciente. Jung deduz que as "imagens primordiais", um outro nome para arquétipos, se originam de uma constante repetição de uma mesma experiência, durante muitas gerações. Funcionam como centros autônomos que tendem a produzir, em cada geração, a repetição e a elaboração dessas mesmas experiências. Eles se encontram isolados uns dos outros, embora possam se interpenetrar e se misturar.

Desde o início, a concepção do bem e do mal, perpassa pela mente humana, como entidades que existem, sobre nossas ações como ligadas a uma dessas entidades. Assim, como a sexualidade, questão sobre identidade , clãs e hierarquia familiar existem independente de qualquer cultura.

O núcleo de um complexo é um arquétipo que atrai experiências relacionadas ao seu tema. Ele poderá, então, tornar-se consciente por meio destas experiências associadas. Existem arquétipos como os da "Morte", de "Herói", do "Si-mesmo", da "Grande Mãe" (talvez a natureza) e do Velho Sábio são exemplos de algumas das numerosas imagens primordiais existentes no inconsciente coletivo. Embora todos os arquétipos possam ser considerados como sistemas dinâmicos autônomos, alguns deles evoluíram tão profundamente que se pode justificar seu tratamento como sistemas separados da personalidade. São eles: a persona, a anima (lê-se "ânima" em português do Brasil), o animus (lê-se "ânimus" em português do Brasil) e a sombra. Chamamos de instinto aos impulsos fisiológicos percebidos pelos sentidos. Mas, ao mesmo tempo, estes instintos podem também manifestar-se como fantasias e revelar, muitas vezes, a sua presença apenas através de imagens simbólicas. São estas manifestações que revelam a presença dos arquétipos, os quais as dirigem. A sua origem não é conhecida, e eles se repetem em qualquer época e em qualquer lugar do mundo - mesmo onde não é possível explicar a sua transmissão por descendência direta ou por "fecundações cruzadas" resultantes da migração.


Vídeo sobre arquétipos, está em espanhol, mas dr pra entender.




Essas fantasias podem ser expressas nas artes e na literatura.
O Senhor dos anéis é uma delas, e existe uma simbologia muito forte em sua história fictícia que resolvi destacar nessa postagem.

Baseada em histórias mitológicas, a grande obra escrita por J.R.R Tolkien se transformou na melhor trilogia do cinema, O Senhor dos Anéis é mais do que uma odisséia cinematográfica, é um retrato óbvio da humanidade e parte de nossa realidade maior. Os livros de Tolkien e os três filmes dirigidos por Peter Jackson conseguiram transmitir algo mais do que a maioria dos filmes blockbusters conseguem: uma sinceridade incrível, que acaba não apenas interagindo com os espectadores, mas criando uma empatia profunda. Peter Jackson por exemplo, conseguiu absorver a ideia por detrás da obra de Tolkien, além de introduzir um pouco de seus próprios conceitos, enriquecendo ainda mais o filme.

Provavelmente você já deve ter assistido o filme, então não precisaremos nos focar no enredo.(quem ainda não o fez, ainda nao tem a noção de profundidade de sua históra. São mais de 10 horas(versão extendida) de uma história rica em detalhes, imaginação e emoção, que passam voando. Então há muitas e muitas coisas a serem ditas e o faremos na medida do possível. Mesmo assim muitas serão perdidas, mas cada um poderá encontrá-las e tirar suas próprias conclusões, como sempre (detalhe que O Retorno do Rei é o único terceiro filme de trilogias que é considerado o melhor de uma série).

É preciso saber que Tolkien não era apenas alguém com grande imaginação, mas era um grande estudioso e filósofo, que usou de seu talento como escritor para contar não apenas uma história fictícia, mas uma parábola da humanidade. O Senhor dos Anéis foi escrito depois de O Hobbit e O Silmarillion, sendo que este último ele não conseguiu publicar em vida. Isso nos faz entender que O Senhor dos Anéis foi muito bem pensado antes de ser escrito, portanto não foi algo à toa. Isso é importante para sabermos que a história é mais do que uma simples fantasia, é algo relacionado com uma realidade maior e mais palpável. Todos os romances são baseados na realidade, em maior ou menor escala, e este não foi diferente. Importante citar que Tolkien era um cristão fervoroso, então podemos identificar várias alegorias ao cristianismo em maior ou menor escala, embora não o façamos nesta análise.

A história todos conhecem. Milhares de anos antes, anéis de poder foram entregues aos líderes de diversas raças por Sauron. Todavia, este criou o Um Anel para controlar todos os outros e seus portadores. E as guerras começaram, com Sauron sendo destruído - apenas seu corpo - quando Isildur lhe corta os dedos, lhe arrancando assim o Um Anel. 2500 anos depois, Bilbo Bolseiro, um Hobbit, o encontra e o anel fica sob sua guarda. Todavia o espírito de Sauron sobrevivera e o anel acorda, querendo voltar para seu mestre. Sauron sai em busca de seu tesouro e Frodo, agora em posse do anel, parte numa jornada até a Montanha da Perdição, em Mordor, para destruí-lo, sendo esta a única maneira de fazê-lo.

Uma sociedade é criada (A Sociedade do Anel), com Homens, Hobbits, Anões e Elfos, liderados por Gandalf, o cinzento, para esta jornada. Todavia Sauron consegue corromper e controlar Saruman, o branco, até então amigo de Gandalf, e este tem total controle sobre Orcs e bárbaros. Os antigos reis humanos, agora corrompidos e obcecados pelo Um Anel, também são controlados por Sauron. A jornada tem altos e baixos, com comemorações e lamentos, e se torna cada vez mais complicada, especialmente quando a sociedade acaba desfeita. E o filme se desenrola.

Daí a necessidade de união da raça humana entre qualquer um dos povos. Mas em contrapartida, os conflitos é o que acontece na maior parte das vezes, por vários motivos, etnia, religião e costumes.


A parte principal da Terra-Média nada mais é que a Europa há muito tempo esquecida. Se fizermos cálculos e comparações geológicas, veremos que ambas se sobrepõem. O próprio Tolkien enfatizou e muito este fato de a Terra-Média fazer parte de nosso passado, exatamente 600 mil anos atrás. Em O Silmarillion temos sua história sendo contada desde o início dos tempos e podemos encontrar coisas interessantes que "coincidem" com nosso passado e com fatos que ocorreram há muito tempo, ou mesmo, nos séculos atuais. Númenor é um exemplo clássico, em que esta ilha acabou afundando, nos levando diretamente à queda de Atlântida.

Obviamente, apesar de Tolkien dizer que o mundo em o Senhor dos Anéis é o nosso, as datas são postas de maneira a parecerem distantes demais para podermos simplesmente cogitar identificá-las em nossa história verdadeira. Isso nos serve especialmente para não focarmos apenas no nosso passado, mas nas alegorias que nos são mostradas também sobre o nosso presente. E elas são muitas. O fato de Tolkien ter se inspirado também em diversos contos (alguns mais reais do que se pode admitir) antigos nos auxilia a pôr mais veracidade em nossos entendimentos pessoais.

Podemos encontrar a descrição da humanidade em duas raças, a primeira a própria raça dos Homens. Em completa decadência e sem nenhuma esperança, os Homens são tidos como degenerados, corrompíveis e sem futuro, fadados à sua própria destruição.( é o que parece nos dias de hoje,) seus reinos, Gondor e Rohan são apenas resquícios do que um dia foi grandeza e podemos notar isso pelos seus próprios regentes. Em Rohan encontramos Théoden, agora um ancião sob a manipulação de Saruman e Gríma Língua-de-Cobra.(Líderes sobre poder de traidores e crenças maléficas). Aqui nos é mostrada a fraqueza de nossos governantes, totalmente influenciáveis e fantoches nas mãos de terceiros. E apenas Gandalf consegue libertá-lo, todavia sua consciência ainda guardando resquícios do pessimismo de sempre em encarar o mundo.

Quando vamos para Gondor encontramos as Minas Tirith, a cidade branca, uma das maravilhas do mundo. Todavia as aparências enganam e a queda do homem aqui é compreendida quando encontramos seu regente atual: Denethor, com seus problemas familiares e total usurpação do trono. Vemos então a complexidade de suas relações quando Faramir, filho caçula, é renegado em favor de Boromir, seu primogênito. A falta de união da humanidade é sentida quando Denethor não aceita a ajuda de Rohan. E embora Gandalf insista que todas as esperanças devem ser depositadas nos Homens, todos têm completa convicção de que eles são fracos, dispersos e sem um líder de verdade. Isso mostra questões familiares existentes nas nossas relações.

É o que temos hoje em dia, uma humanidade sem sentido, dispersada, cada um por si. Sem grandes líderes, sem grandes ideais, sem grandes esperanças. Foi-se o tempo em que havia algum propósito nesta vida. A humanidade enfrenta sua queda, caindo em sua involução. As belezas do mundo não são o bastante para trazer alguma luz aos Homens, apenas uma falsa sensação de equilíbrio. Vivemos de imagem. já citei isso sobre os artigos que envolvem as mulheres??rs

Lá existem os Nazguls, esses cavaleiros negros já tinham sido reis dos Homens. Sempre em busca de poder, acabaram sendo corrompidos pelos 9 anéis que lhes foram concedidos, ficando então obcecados por mais e mais poder. Sua busca pelo Um Anel é tão intensa que não dormem, não comem, não pensam em nada a não ser em sua busca. Vemos neles a nossa elite mundial. Homens e mulheres em busca do poder, do controle e da supremacia, não medindo esforços para alcançarem seus objetivos. Fazendo acordos para adquirir tecnologias e conhecimento, e por conseguinte, mais poder.

A nossa elite sempre deteve o conhecimento. No século passado conseguiram a tecnologia. Ambos vindos de fora e em troca de nossas almas. Tanto conhecimento quanto tecnologia são os 9 anéis do poder. Ambos corromperam nossos líderes e os tornaram pessoas sem coração, frios e automáticos, não dando valia à vida e ao mundo ao redor. Os Nazgûl não se cansam jamais. Nossa elite tampouco. Eles representam simplesmente a corrupção do nossos "líderes", depois mostrada com Boromir, sucessor de Denethor. Mas Boromir ,na hora da morte se mostra arrependido, mostrando sua lealdade aos valores mais puros e bons. =) como muitos.

Os Elfos podem ser considerados nossos vizinhos de fora ou seres mais evoluídos, daqui ou não. Guias elevados e iluminados nos auxiliando em nossas jornadas. Vemos isso claramente nas figuras de Elrond e Galadriel. Ambos estão sempre presentes para trazer alguma luz aos Homens e Hobbits, todavia não pertencem mais à Terra-Média, que já não consegue mais abrigar suas luzes. Isso é muito imporante, querido leitor, pois os Elfos representam mestres ascensos. Sua beleza, calma, sabedoria nos olhares e completa integração com suas próprias luzes. Podemos ver isso, por exemplo, quando a Sociedade do Anel chega à Lothlórien e encontra Galadriel. Perceba a luminosidade de seus corpos (Também notem que se comunicam por telepatia).





Sendo então essa representação de mestres ascensos que já transcenderam seus corpos, os Elfos acabam partindo das praias cinzentas rumo ao oeste para terras imortais. Este é um caminho inevitável, pois a Terra-Média já não pode mais suportar seus corpos, por isso devem partir. É o mesmo que acontece quando uma pessoa chega a um nível vibratório, ou quando o planeta estanca, mais elevado que o mundo onde habita, é necessário partir para abrigar sua luz. Obviamente aqui esta representação é limitada e na forma puramente material de sua existência. Mas de qualquer forma é evidente. Isso também nos serve para visualizar que mesmo na elevação, ainda não há total perfeição. A perfeição mesmo só existe na fonte de tudo o que é. E os Elfos nos mostram isso. Note o momento em que Galadriel se vê tentada pelo anel, mas consegue manter-se firme. Isso, meus caros leitores, é para nos mostrar que as trevas não rodeiam somente a nós, neste mundo pesado e distorcido, mas também pode chegar a lugares mais elevados. A diferença é a forma como lidamos com ela. Mantendo-se na luz, completamente entregues a ela, as sombras não nos atingem. Esse é o ponto. A dualidade não é exclusiva deste mundo. Não se pode cair nesta limitação.

Os Anões podem ser compreendidos como os elementais da terra. São geralmente ferreiros ou mineradores, inigualáveis até mesmo pelos Elfos em algumas de suas artes. Portanto detém sabedoria em lidar com seu elemento, a terra. Embora seu papel na trilogia se detenha apenas a Gimli, o fato de sua citação abre algumas brechas para conjecturas a seu respeito. Porém, O balrog, cavado por anões e riquezas encontradas por eles, representam arquetipicamente a ambição humana. A ambição de coisas materiais, pode desencadear um mal maior que todas as coisas. No nosso caso, talvez seje o egoísmo, o individualismo e a falta de compreensão.
Galndaf ressalta no filme: " nenhum de vocês pode lidar com ele...fujam." talvez esses maldades maiores produzem a solidão, algo que nenhum de nós pode lhe dar.


Falamos agora dos hobbits, mas quem são os Hobbits? Somos nós mesmos, pessoal. Ou melhor, como deveríamos ser. Os Hobbits são uma raça sem preocupações, vivendo isolada, mas totalmente independente, bastando-se a si mesma. Festejam, divertem-se, bebem e compartilham. Vivem descalços, uma forma de mostrar desapego. Há certa inocência primordial em seus olhos e risos. O Hobbits são a esperança do mundo, mesmo não tendo qualquer tipo de pensamento direcionado a isso. Os quatro pequeninos da Sociedade só têm como único objetivo terminar suas missões e voltar para casa. O Condado, tão discreto, é sua paixão e eles respeitam seu lar.


Também representam o poder latente em cada um, independente de seu tamanho ou limitações. São eles, pequeninos e frágeis, quem salvam o mundo. São eles, desconhecidos da maior parte da Terra-Média, que realmente conseguem chegar a Mordor. São eles que seguem em frente, sempre, em busca de concluir o que estão destinados a fazer. São a raça humana que deveria existir. O companheirismo presente entre Frodo, Sam, Merry, Pippin e Bilbo mostra que a ligação entre eles é forte e pode sobreviver a todas as adversidades. Ao nos transmitir como referência a fragilidade que seu tamanho nos passa, Tolkien está dando um cutucão na nossa humanidade: "Eles são pequeninos e salvaram o mundo. Qual a sua desculpa?"


Falarei agora da parte mal, rs, os Orcs. A origem dos Orcs nunca foi totalmente definida por Tolkien, mas sugere-se que seja a distorção de Elfos e Homens, introduzindo características animalescas e brutais. Podemos também considerá-los uma espécie de regressão da humanidade. Muitas pessoas vêem neles uma alegoria dos reptilianos, mas como os Orcs não são muito inteligentes, podemos então descartar esta possibilidade, embora ainda seja interessante. Se usarmos da involução sei lá, do irracional para identificá-los, podemos tirar algumas conclusões, a começar por seu fascínio por carne, inclusive sendo adeptos do canibalismo. À medida que o respeito à vida vai perdendo força, o ser acaba não se restringindo a mais nada, isso valendo ao consumo de carne de seres pensantes. Isso também pode ser entendido como sendo nossa involução, já que temos cérebros reptilianos.(segundo uma teoria Darwinista) Sendo assim, quanto mais perdemos nossa humanidade, mais atitudes reptilianas nos afloram, independente do nosso grau de inteligência.




Agora o que falar dos Ents?? Aqui Tolkien vai fundo e nos mostra que a natureza toda está cheia de vida, inclusive as vegetações. Ao transformar árvores em seres pensantes, Tolkien apenas nos mostra de forma indireta que a própria Terra é uma consciência viva, e que o respeito pela natureza precisa ser exercido corretamente, pois depois de muita degradação, ela, cansada, vai se levantar. Vemos isso quando os Ents se deparam com o desmatamento causado por Saruman, partindo então para a vingança. Uma hora a natureza vai dizer basta. Nosso planeta está ascendendo e vai chacoalhar. Bom , acho que já começou, desequilibrio da natureza provocado por nós está causando tsunamis, terremotos, com a camada de ozonio destruida pode gerar cancer, doenças. Além de tornados, aquecimento global..enfim.

Lembro de um diálogo do Ent Barbavore com Merry, que diz:

Barbavore: "Não vamos pra guerra, pois isso não tem nada a ver conosco"
Merry: então grita: "mas fazem parte deste mundo!"

Nesse diálogo em primeiro momento, tem aquele pensamento que a natureza é inanimada e nao decide nada no mundo, somos nós quem controlamos ela. com a fala de merry demonstra-se que como são seres de nosso planeta, tem os mesmos direitos de intervenção que nós. Animais ,plantas,etc podem usufruir de tudo. E sim, a natureza e seus elementos interferem no mundo como fizeram no filme.


Gandalf tem um papel fundamental em toda a história, pois ele é o farol da comitiva do anel. Ele é um espírito angelical, um Istari, escolhido para ser um conselheiro dos Homens. Sua missão era a de guiar e trazer esclarecimento sobre a verdade no mundo. talvez o arquétipo de grande sábio esteja aí. Para mim, ele é o grande centro de sabedoria da história.




Durante a 3ª Era da Terra-Média foi realizada uma reunião entre os Valar (espíritos superiores - outra representação de mestres ascensionados, aqui todavia mais literalmente) sobre o que fazer com relação à Terra-Média, pois os Valar ainda se preocupavam com o destino de Arda (mundo). A conclusão da reunião foi enviar seres de sua elevada ordem para combater na Terra-Média. Só que estes não poderiam se apresentar na sua forma de poder e esplendor que apresentavam em Valinor (terra imortal), então teriam que ir em corpos mortais.

Gandalf e Saruman são representações das sementes estelares. Espíritos mais evoluídos e antigos de outros mundos que encarnaram em corpos humanos para realizarem suas missões. E, como acontece em nosso mundo, alguns acabam se perdendo, como Saruman, por exemplo. Já Gandalf, que por sinal é meu personagem favorito, mantém-se fiel do começo ao fim ao seu propósito. Ainda em corpo humano, no começo está limitado. Ele é o cinzento. Quando desperta de vez, tornar-se Gandalf, o branco e finalmente descobre quem é. Percebemos isso quando ele reaparece depois do confronto com Balrog e é chamado de Gandalf. "Gandalf? Costumavam me chamar assim..." Isso é porque descobriu que não era Gandalf, mas um espírito evoluído e aquele era apenas um corpo e um nome.

O mago é o conselheiro, aquele que esclarece e discerne sobre os principais assuntos e verdades do mundo. Essa é sua missão, a de trazer um pouco de luz aos corações dos Homens, aqui representados também pelos Hobbits. Ele entende a importância de cada um naquele processo, sabendo que todos têm o mesmo peso na balança. Sabe do potencial dos Hobbits e sabe da liderança de Aragorn. É o sábio.


Uma cena que adoro lembrar em situações ruins e de pessimismo é o seguinte diálogo entre Frodo(hobbit protagonista) e Gandalf:

Frodo: É uma pena que Bilbo não tenha se livrado dele (Sméagol) quando teve a chance.
Gandalf: Pena? Foi a pena que segurou a mão de Bilbo. Muitos que vivem merecem morrer e alguns que morrem merecem viver. Pode resolver essa situação, Frodo? Não seja tão apressado em julgar os outros. Nem os mais sábios conseguem ver o quadro todo. Meu coração diz que Gollum ainda tem um papel a cumprir para o bem e para o mal. A piedade de Bilbo pode governar o destino de muitos.
Frodo: Queria que o anel nunca tivesse sido dado a mim. E que nada disso tivesse acontecido.
Gandalf: Assim como todos que testemunham tempos como este, mas não cabe a eles decidir. O que nos cabe é decidir o que fazer com o tempo que nos é dado. Há outras forças em andamento neste mundo além das forças do mal. Bilbo estava destinado a encontrar o anel, e assim você estava destiná-lo a tê-lo. E este é um pensamento encorajador.


Sobre aragorn, na história como Rei dos Homens, é a esperança viva, o líder prometido dos Homens. Aquele que vai reinstalar a ordem no mundo. Ao longo da história muitos líderes surgiram e agora o mundo dos Homens carecia de algum. Isso é exatamente o que acontece em nossa época. Como grande parte dos grandes líderes, Aragorn a princípio se recusa a desempenhar o papel que nasceu para fazê-lo. Mas seu espírito o move para essa direção. Aos poucos ele, mesmo sem perceber, começa a agir como um verdadeiro comandante, um verdadeiro Rei. A esperança depositada nele por Gandalf, que, por ser um sábio, consegue enxergar a verdade em Aragorn, nunca foi à toa.

Suas motivações são a restauração de Gondor e seu amor por Arwen, embora tenha desistido dela por sua natureza imortal. Mesmo diante das piores circunstâncias, porém, ainda assim consegue manter a mente fria e o coração firme para enfrentar todas as dificuldades. Ainda que não se esforçando para tanto, acaba recebendo o reconhecimento de todos ao redor por suas habilidades de comando. Ao liderar os exércitos da aliança, prova não apenas sua capacidade de liderança, mas também sua atitude de um verdadeiro rei, ao ser o primeiro na linha de ataque, como aparece na história.

Em nosso mundo já não há mais líderes como outrora. E aqueles com potencial para tanto não são guiados corretamente. Isso é complicado, querido leitor, mas nós estamos aqui justamente para isso, para mostrarmos o caminho aos que vierem. Tudo o que aprendemos e vivenciamos nesta transição planetária não é em vão. Viemos para trazermos o vento da mudança. Assim como Aragorn, que não se sentia um líder, muitos estão estancados por falta de uma luz no caminho.
Outra frase motivadora dele é: "Sempre há esperança"



Em relação agora a um tema importante nos dias de hoje, a amizade. Tolkien e Jackson tiveram um cuidado especial na representação de dois personagens, são eles, Frodo e Sam.
Frodo é aquele que carrega o fardo, cuja missão é ir até as últimas consequências. Ele representa a pureza sendo corrompida. Ao longo da jornada o anel exerce influência aguda em seu coração, mudando sua personalidade e comportamento, tirando suas forças e seu alento de viver. Na Montanha da Perdição, ele fraqueja e sucumbe ao poder do anel. Ele é a humanidade perdendo a inocência e caindo nas trevas do Ego. Freud talvez explica com a pulsão de morte, narcisismo determinados comportamentos. uma frase dele é "O Anel é Meu!".(egoísmo ou sozinho no mundo)

Sam, ao contrário, é a pureza e inocência da humanidade mantendo-se firme mesmo diante das trevas. É o poder de nunca desistir, de nunca perder o foco, de seguir mesmo diante de nossos piores monstros. Sam representa o fio da esperança que os Homens não têm. A amizade de ambos, que para os mais limitados e alienados soou como "colorida",independente disso, essa amizade é na verdade a prova de que a união supera qualquer barreira e que sustenta nossas pernas, nos mantendo em pé. A humanidade dissipada não tem forças. Frodo e Sam representam a humanidade unida, os seres humanos apoiando-se mutualmente e confrontando seus demônios sem nunca fraquejarem. É uma lição muito forte que nos é dada no filme, e que poucos conseguiram assimilar. A amizade e nossas relações é a base de toda sociedade.


Uma frase de Sam representa a verdadeira amizade: "Eu fiz uma promessa, sr. Frodo. Uma promessa. 'Não o deixe, Samwise Gamgee'. E não vou deixá-lo. Nunca pensei nisso."


Enquanto Frodo fica mais fraco à medida que se aproximam de Mordor, Sam fica cada vez mais forte, servindo de apoio, de muleta e de ar para seu amigo. Aqui vemos então, querido leitor, que quando a união se estabelece, sempre há alguém para cobrir as lacunas que por ventura surjam. Sempre há alguém para terminar o que não se conseguiu. Na união há um equilíbrio que mantém a vida em ordem.

Sam: É como nas grandes histórias sr. Frodo. As realmente importantes. Eram cheias de perigo e escuridão. E às vezes nem se queria saber o final. Por que como o fim poderia ser feliz? Como o mundo poderia voltar a ser o que sempre foi quando tanta coisa ruim acontecia? Mas no final é algo que passará, essa sombra, até mesmo a escuridão acabará. Um novo dia virá. E quando o sol nascer ele brilhará ainda mais. Essas eram as histórias que ficavam com a gente, que significavam alguma coisa, mesmo quando eu era pequeno demais para entender por quê. Mas eu acho, sr. Frodo, que eu entendo. Agora eu já sei. As pessoas daquelas histórias tiveram muitas chances para desistir, mas não desistiram. Elas foram em frente porque estavam se agarrando a alguma coisa.
Frodo: A que estamos nos agarrando, Sam?
Sam: Que há algo de bom neste mundo, sr. Frodo. Algo pelo qual vale a pena lutar.


Podemos pensar nisso em várias situações, pelo que estou lutando?




Falarei agora de um persongame engraçado que até os que nao conhecem a história, ouviram falar. Smeagol ou Gollum.

Se por um lado os Nazgûl representam a Elite global, nossos "líderes" corrompendo-se pelo poder, e os Orcs, como uma involução, animalidade, Sméagol representa a fase incompleta da distorção, em que os sentimentos humanos e a dualidade ainda estão presentes em certo equilíbrio de forma explícita. Gollum é o lado negativo, preso aos vícios sentimentais da raiva e do rancor, e obcecado pelo anel. Sméagol, ao contrário, apesar de ainda estar ligado à presença do anel, mantém um pouco de sua humanidade, demonstrando até certa amizade e bondade. Sméagol / Gollum representa o conflito interior humano. O altruísmo e o egoísmo.

De fato, é uma batalha dura que Sméagol trava consigo mesmo. É a batalha dos egos. Gollum pode ser considerado o Ego de Sméagol. Ele incita, sussurra no ouvido e engana sua mente. Todavia, aqui também é mostrado que quando confrontado, o Ego pode ser expulso. Por algum tempo, quando o exterior não o influenciava negativamente, Sméagol conseguiu se controlar. Mas sua fraqueza em relação ao externo acaba fazendo com que Gollum acordasse e tomasse novamente controle. Ele é a humanidade moderna, cheia de conflitos egóicos e dependência do exterior.

A nossa busca por nós mesmos sempre acaba infrutífera quando damos mais atenção ao que vem de fora do que ao que vem dentro. O Ego só existe quando nosso foco é exterior, pois é para isso que ele serve, para servir de intérprete do que o externo nos envia. Sméagol se rende a Gollum quando pensa ter sido traído por Frodo ao ser capturado por Faramir. Veja, querido leitor, que Sméagol está presente em toda a humanidade, em todos os seus confrontos interiores, em todas as suas dúvidas. Sua complexidade se ajusta perfeitamente à nossa.
Enfim , esse personagem tras muitas questões que podem ser discutidas no campo da psicologia.


Lembrei agora de Faramir, e a vontade de ter o anel para si e entrega-lo ao seu pai Denethor, vontade de pertencer ao grupo familiar, de se sentir util, de transgredir.
mas ele percebe que seus desejos, não são os dele e sim do outro que exige sempre que você tenha caracteristicas e qualidades pre-selecionadas de alguem "superior".
com essa reflexão e com a imagem pura de frodo, ele desgarra dos valores do pai e de outros, encontra sua real identidade, acabou sendo genuíno com seus sentimentos e liberou Frodo e o anel em prol do mundo.
é um personagem cativante que representa a honestidade e a coragem humana. Além das nossas dúvidas quanto a esses valores que ahá muito tem se perdido.



Para finalizar, citarei Sauron, o "chefão do mal", ehehehe. O Senhor do Escuro obviamente representa o Mal puro, o outro lado da Dualidade. Ao forjar os anéis do poder, sua intenção sempre fora a de controlar todas as raças por meio deles, criando para si mesmo o Um Anel. Após ter perdido o corpo, seu espírito continuou vivo e se fortalecendo, instalando-se novamente em Mordor. Sauron representa o controle absoluto na matéria, responsável por segurar os cordões e manusear seus fantoches em seu jogo de poder. E ele é representado como? O Olho Que Tudo Vê, ou seja, o manipulador. arquétipo existente em várias histórias. um Grande mal onipresente que tudo ver.
Sauron demonstra que o mal nao precisa ter um corpo concreto para existir, Basta nossas ações.






Não é coincidência, querido leitor. Já falamos que Tolkien sabia muito bem o que estava fazendo. O fato de o olho ser reptiliano também é bastante sugestivo. E sem querer insinuar nada, mais dê uma olhada em seu nome e seu significado: Sauron - Saurós - Sauro - Lagarto - Réptil. Curioso, não? Mas o fato é que o olho representa o poder, advindo da visão ilimitada do terceiro olho. Isto é, a visão é o conhecimento. Conhecimento é poder. Desta forma, quem usa apenas o terceiro olho e se esquece do coração, acaba se viciando. A visão é o poder, o coração é o amor.
Outro arquétipo que aparece em TODAS as histórias escritas por nós. a dualidade Poder = conhecimento racional = maldade / Amor = conhecimento puro, natural, = Bondade

O arquetipo da existênia de um personagem com terceiro olho, ou seja, esse arquetipo de sombra existe em vários contos.

Três Anéis para os Reis - Elfos sob este céu,
Sete para os Senhores - Anões em seus rochosos corredores,
Nove para Homens Mortais, fadados ao eterno sono,
Um para o Senhor do Escuro em seu escuro trono
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.
Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontrá-los,
Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.





Poderíamos citar várias outras coisas como Éowyn quebrando barreiras ao ser a primeira mulher num exército, a citação de Saruman: "uma Nova Ordem irá nascer", a árvore branca em Minas Tirith (referência à Árvore do Conhecimento e mais um monte de coisas), mas cada um consegue encontrar algo de interessante. A trilogia O Senhor dos Anéis é uma grande viagem para um mundo que conseguimos nos identificar facilmente. E, assim como o livro, nos remete à nossa própria história. Merece ser assistido ou lido várias e várias vezes, pois em cada uma, se descobre algo novo.


Fim ;)